(Arte: Álan Belem) |
Você acredita em pessoas? E em bicho-papão? Em fantasmas? Quem sabe, em assombrações.
Será que esse momento melhora? Não sei. Tudo depende das pessoas, né? Você acredita nelas? Vario de resposta mais do que de roupa. Às vezes, temos umas chacoalhadas – boas, ruins ou, simplesmente, chacoalhadas.
É mais fácil acreditar que no mundo só há pessoas ruins. É mais simples, mas é mais fácil também. Dessa forma, não há porquê se afetar, se importar, é autojustificável. De bom, só há os perto de mim, e olhe lá. Sinto muito, mas não é bem assim.
Perceber isso dói bastante. É como escancarar feridas abertas. Não quero ser muito metafórico. Isso aqui não é uma metáfora. Há muita gente boa, que falha, mas que quer o bem comum.
São muitos? Não sei. São poucos? Não sei. São o suficiente? Não sei. Mas que existem, isso eu sei. Como eu sei? Não sei.
Gostaria de pedir, gostaria de suplicar, mas não vou fazer isso. Não acho que fará diferença, eu pedir qualquer coisa. Não adianta nem a mim mesmo, imagine aos outros. Dos outros, não espero muita coisa, para não dizer nada. Queria que fosse nada, mas é irresistível.
De vez em quando, a gente recebe exatamente o que espera. Isso é bom? Não sei. Mas a gente recebe. Às vezes, a gente se surpreende completamente. Isso é bom? Você já sabe.
E vamos seguindo, né? Não é como se fosse grande revelação, é mais uma chacoalhada. Uma grande chacoalhada. Precisamos de algumas, de preferência, o mais constantemente possível. Disse que não pediria nada, mas vou torcer para que tenha alguma em breve.
09 de junho de 2021
Rafael Vasconcellos
Rafael é carioca, clínico em eterna formação, ex-tenor no “SVAC” e mestrando em psicologia pela UFRJ. Filósofo de botequim e sofredor pelo Botafogo, escreve como hobby para ajudar a respirar. Acredita que na escrita de ficção como uma arma poderosíssima de comunicação que deveria ter mais espaço nos ambientes acadêmicos.
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