Improviso - Rafael Vasconcellos


(Arte: Álan Batista) 
    


Quantos momentos, situações, dias (etc.) que nós temos que nos virar completamente no improviso? Tirar do chapéu uma solução num estalo; naquele instante. Mais do que deveria, talvez.


A gente se vira quando precisa. Tem uma frase que gosto muito: “fazer o que pode com o que não se tem”. É mais ou menos o nosso cotidiano hoje em dia, né. O improviso virou padrão.


Não falo em tom de lamentação ou de reclamação, apesar de sentir ter todo o direito. Falo aqui mais em contemplação. Neutra.


Você tem isso também? Aquela sensação de surpresa com algo corriqueiro. Já ouvi falar que se chama “jamais vu”, o contrário do famoso “déjà vu”. É facilmente reprodutível quando repetimos incontáveis vezes uma palavra. Ela meio que perde o sentido – derrete na nossa boca enquanto falamos.


Mas já está bom, hoje falarei pouco. Estou contemplativo. E você? Tem conseguido se surpreender com o corriqueiro?




23 de junho de 2021

Rafael Vasconcellos 

Rafael é carioca, clínico em eterna formação, ex-tenor no “SVAC” e mestrando em psicologia pela UFRJ. Filósofo de botequim e sofredor pelo Botafogo, escreve como hobby para ajudar a respirar. Acredita que na escrita de ficção como uma arma poderosíssima de comunicação que deveria ter mais espaço nos ambientes acadêmicos.

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