“O que não nos mata, nos torna mais forte” – esta é uma das frases síntese mais conhecidas no tema da “dificuldade”. Outra muito reproduzida hoje em dia é a, traduzida do inglês, “sem dor, sem ganho”. Vejo que isso demonstra bem o protagonismo da “superação” frente ao tema da “dificuldade”.
Evidentemente, essa (mega)exposição de situações e de histórias de superação é boa, no ponto vista de incentivo e de exemplo, mas também já não é propriamente uma novidade a existência de seus aspectos negativos. Em tempos de Olimpíadas, então, isso se evidencia ainda mais, apesar de muito refletido também no mundo do trabalho/educação.
Pensemos: assim como nas Olimpíadas, em nossas vidas, temos muito mais expectativas sobre as nossas vitórias do que sobre qualquer outra coisa. Apesar disso, há de se convir que a frequência de derrotas e frustrações tende a ser mais constante do que a de êxitos. A maior facilidade que temos é de nos metermos (ou nos meterem) em dificuldades. No entanto, ainda na metáfora olímpica, em contrapartida aos louros (enfatizo, merecidíssimos) aos vencedores que se superam, quanto falamos das derrotas e do que elas nos ensinam?
A partir dessa ideia (novamente deixando claro a importância dos exemplos de superação), os questionamentos se acumulam: o quanto falta ao ser humano contemporâneo o ensinamento de como perder? Alguém se arriscaria dizer que não falta? O que fazer? Como os que sabem perder aprenderam? As perguntas pairam, sem a menor pretensão de resposta definitiva por minha parte.
Antes de encerrar, e voltando às Olimpíadas, um exemplo perfeito disso é a, já mencionada semana passada neste espaço, competição de skate – esporte que muitos devem estar se perguntando, assim como eu, como não era olímpico até os jogos de Tóquio 2020. Semana passada, dei foco à leveza colorida que Rayssa trouxe, principalmente no contexto cinzento carregado que paira no Brasil. No entanto, seria injusto de minha parte não incluir praticamente todos os atletas da modalidade, com grande destaque às categorias femininas no street e no park. O que se viu foi um show de coletividade, de sorrisos pós-falhas, de conforto aos frustrados, um show de semeio de sorrisos.
Ah, e, assim como destaquei semana passada, em sua grande maioria protagonizado por jovens e crianças. Novamente, toma essa, adultos. Talvez as respostas às perguntas estejam por aí.
04 de agosto de 2021
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