Em busca de independência - Rafael Vasconcellos




  

O que é ser independente? Não ser dependente, duh. Certo, para tentar ir um pouquinho além disso, vamos ao dicionário (mais conhecido por seu outro nome, hoje em dia, Google): 


Subst. Feminino

1. Estado, condição, caráter do que ou de quem goza de autonomia, de liberdade com relação a alguém ou algo.

2. caráter daquilo ou daquele que não se deixa influenciar, que é imparcial; imparcialidade.


Muito bom esse negócio de dicionário, hein. Resposta dada, próximo problema. 


Por que estou pensando sobre independência? Fácil, este texto está sendo publicado na semana do Dia da Independência, quando o país parou para assistir o que ia acontecer com as manifestações(zinhas) que ocorreriam e ocorreram. Bem, sim, acertou – de fato, essa foi fácil. No entanto, como costumo fazer, não gosto de ir pela via óbvia. 


“Ui, que prepotência, cuidado com ele”. É, soou um pouco assim mesmo, mas explico. É claro que fazer uma análise sobre o que aconteceu no dia 07 de setembro de 2021, relacionando-o com o significado  (ou o suposto significado) do feriado seria interessantíssimo. Fala sério, eu leria sobre isso. Aposto, inclusive, que foi escrito por algum analista ou historiador de forma muito mais técnica e informativa que eu conseguiria.


Pensei, no entanto, num outro tipo de independência, que, na verdade, tem me cercado muito mais do que este que descrevi: a financeira. Aliás, não é ela que tem me cercado, mas a sua ausência – e, ainda mais, o desejo de alcançá-la. De jovens a adultos, e até mesmo idosos, o desalento financeiro e a falta de autonomia que ele gera têm sido mais companheiros do que arroz e feijão (literalmente).


Foi, então, que percebi que estes temas não se distanciam tanto. As manifestações, o feriado, a (não) independência financeira e seus significados estão emaranhados num “poço de agora” que é sufocante demais para ser totalmente absorvido. 


Que estamos em crise, sabemos – agora, compreender a sua dimensão espaço-temporal talvez seja o maior desafio para “analistas”. Para os técnicos, por conta das inúmeras informações macroscópicas. E para os viscerais, por conta da taquicardia e falta de ar de um mundo que nos priva até de respirar. 


Como “se sustentar” em meio a isso tudo? Não só financeiramente… de todas as formas. Como criar estruturas para suportar o que estamos passando? Com que material? Com que energia? Bem, sinto que, aqui, surge mais uma dimensão de “independência” – ou melhor, de falta dela. 


De qualquer forma, vamos conseguir. Não tenho certeza técnica, mas tenho certeza visceral.




08 de setembro de 2021

Rafael Vasconcellos 

Rafael é carioca, clínico em eterna formação, ex-tenor no “SVAC” e mestrando em psicologia pela UFRJ. Filósofo de botequim e sofredor pelo Botafogo, escreve como hobby para ajudar a respirar. Acredita que na escrita de ficção como uma arma poderosíssima de comunicação que deveria ter mais espaço nos ambientes acadêmicos.

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