Fragmento de uma vida cotidiana




Daqui de cima, já posso avistá-los. 
O bonde de Santa voltou e isso tanto nos ajudou!
Olhe ele, que gracinha. Morrendo de medo dos pombos que o contornam. 
Mas logo vem sua amiga, Laura, e mostra como são mais divertidos quando eles brincam. 
É, a chuva está apertando.
"Devo correr para tirar a roupa do varal e fechar as janelas" penso comigo mesmo, mas meu corpo é incapaz de mover-se. 
Como é forte o barulho da chuva e a janela nada mais me mostra da vida lá fora. 
Agora, vejo apenas o reflexo fragmentado de uma pessoa que pouco conheço. 
Nada sei dela, só sei que posso me ver. 
Apesar de nada saber sobre as coisas da natureza, meus antepassados ou como cheguei onde estou. Será que é isso que os bebês sentem ao ver seus reflexos no espelho? 

26 de agosto de 2021

Rafi Nobrega
Psicologia - UFRJ


Sobre processo de escrita: Este texto foi produzido a partir de uma oficina de escrita ministrada pelo Prof. João B. Ferreira durante a disciplina TCC I

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